Mestre, médico, pesquisador, Dr. Amaury Teixeira Leite Andrade, um ser humano diferenciado, significa uma perda imensa para Juiz de Fora e para a Medicina. Seu currículo tem um enorme peso para a história da Ginecologia e da Obstetrícia mundial, pois como entusiasta da Ciência, não só foi idealizador do Centro de Biologia da Reprodução da UFJF, em 1970, como realizou pesquisas para a Organização Mundial da Saúde (OMS) nas áreas de reprodução, fertilidade, contracepção e planejamento familiar. Como médico, formado na década de 1950, pela UERJ, fez três anos de residência nos Estados Unidos, e foi um vanguardista em todas as instâncias de sua especialidade. A Maternidade Therezinha de Jesus, criada por seu pai (Dr. Dirceu de Andrade) foi a primeira maternidade de Juiz de Fora e sempre foi uma entidade filantrópica. Ele só conviveu profissionalmente com o pai por oito anos, mas deu continuidade a um projeto que assumiu ainda jovem, não só em sua gestão, mas por vários anos sendo o único médico.

A entidade, que já é quase centenária, antes de virar hospital geral foi responsável por mais de 150 mil partos. Só o Dr. Amaury realizou em torno de 10 mil. Seu endereço anterior, na rua Padre Café no bairro São Mateus, foi fundado em paralelo às Obras Sociais Santa Mônica, conduzidas pela mãe dele, D. Marília, que atendia gestantes solteiras, que há cerca de quatro, cinco décadas eram consideradas párias na Sociedade.

A humanidade do médico Amaury, o levou a manter a Maternidade, construindo o prédio original do atual Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus, na avenida Itamar Franco, que geriu por mais de 20 anos, até a parceria com a Faculdade Suprema. Ele foi se afastando da rotina por questões de saúde, mas sempre lúcido, continuou estudando, se manteve na cadeira de Obstetrícia da Suprema, depois de se aposentar da UFJF, e como membro do Conselho Consultivo do HMTJ ainda participou da última assembléia.

Dr. Ricardo Campello, que cultivou uma amizade com Dr. Amaury por muitas décadas, como médico desde o endereço da Padre Café e depois assumindo a presidência do HMTJ em 2005, fala com orgulho desta convivência. Lembra que quando as informações ainda não eram globalizadas, era ele quem trazia do exterior as inovações médicas e as novidades da especialidade. “O centro de pesquisa que ele dirigiu ajudou muitas mulheres com a pesquisa e difusão de diversos métodos anticoncepcionais. Ele foi formador de gerações de médicos em Juiz de Fora e inspirou muitos a fazer Ginecologia e Obstetrícia. Sua importância na Medicina da cidade, de Minas Gerais e do Brasil é imensa, especialmente em sua preocupação com o planejamento familiar”. Seu nome está imortalizado dando nome ao Centro Cirúrgico do Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus.

O funcionário do HMTJ que mais conviveu com Dr. Amaury por quase 40 anos, o contador Luiz Carlos Alves, recorda dele como uma pessoa muito especial, “ele foi um dirigente muito íntegro e representou para todos da Maternidade uma experiência de vida muito rica. No tempo que trabalhei com ele, sempre nos ensinou muito. Tratava a todos com muita educação e respeito, jamais o vi exaltado, sempre foi muito ponderado.Sem dúvida uma perda não só para a Medicina. Ele era um cientista que fez diferença na vida de muitas pessoas”.

O atual Diretor-Presidente do HMTJ, Marco Antônio Guimarães de Almeida, assumiu o cargo em 2019, mas ainda teve oportunidade de conhecer e ver o trabalho de Dr. Amaury no hospital e lamenta a perda: “a Medicina, hoje, perde um incansável pesquisador que revolucionou a reprodução humana deixando um legado no Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus com a implantação do Planejamento Familiar e a idealização do Centro de Biologia da Reprodução da UFJF”.

Dr. Amaury inspirou duas grandes homenagens sobre sua trajetória impecável. Acompanhe pelos links:

https://www2.ufjf.br/noticias/2020/10/14/o-obstetra-que-fez-nascer-a-pesquisa-na-ufjf/

Tribuna de Minas

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